A árvore

Resistia no meio de uma mata de eucaliptos plantada por homens, uma árvore das antigas ancestrais, só recordada por nomes de lugares hoje sem significado. À beira de uma pequena lagoa as suas raízes se alimentavam da água calma e límpida que ali ficava sempre que chovia. E as suas raízes eram fortes, e por isso o seu tronco também, e os seus galhos se estendiam em largura e altura, que ostentavam as novas folhas da primavera. Era forte o suficiente para afastar os eucaliptos altos e esguios, como rapazes adolescentes que querem conquistar o mundo. Aquela árvore era velha, mas viçosa. Resistira ali por esquecimento dos homens. Perto dela não conseguia nascer um único eucalipto, nem as suas raízes invadiam as delas para lhe roubarem a preciosa água. Eram como mães, aquela terra e aquela água. E a toda a volta da lagoa nasciam os seus pequenos filhotes. E por aquela árvore já terão passado anos, várias gerações de eucaliptos que renascem sempre que são cortados, anos de seca e anos de chuva, jovens namorados que ali se conheceram e que depois envelheceram.


Esta pequena narrativa foi publicada no nº 47 da revista digital 
Incomunidade, como podem verificar pelo link, em julho de 2016.

Sem comentários:

Enviar um comentário