A memória, essa trai-nos. Nem sempre nos lembramos do rosto que esteve no espelho. Não é fácil lembrarmo-nos da criança sem dentes ou do adolescente com borbulhas. Talvez seja por isso que gostamos de rechear a casa com fotografias dos filhos nestas idades, para se tornar fácil recordar os bons anos. E com fotografias nossas com vinte anos, aquela idade em que nos sentimos bem, belos, poderosos, porque o mundo está à nossa frente pronto a ser descoberto e ainda podemos sonhar.
Depois, com o passar dos anos o espelho começa-nos a devolver as primeiras rugas, os primeiros cabelos brancos, enfim, o envelhecer. Agarramo-nos a fotografias antigas, olhamo-nos menos ao espelho. Aceitamos melhor ou pior, conforme for a nossa personalidade. Por fim, são as fotografias que nos concedem a ilusão da imortalidade.
© 2012Participei com este texto no Fábrica de Letras no mês de Abril/2012.
Bem, para ser sincera, vejo-me ao espelho mais demoradamente do que outrora. :)
ResponderEliminarA ideia de as fotos serem para nos imortalizar é verdadeira. Ali ficamos retidos, num segundo, para sempre congelados o gesto, o sorriso, a expressão.
Não sei, também acho que me vejo hoje mais ao espelho do que quando tinha 20 anos. Há mais coisas para disfarçar :)
ResponderEliminarSentimo-nos belos e poderosos com qualquer idade. Nem sempre os anos da juventude são os mais felizes. Mas as fotografias sim, é verdade, são a nossa imperfeita tentativa de imortalidade.
Tenho a esperança da força e poder que a idade nos dá
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