Natal no Hospital dos Vampiros, parte 2

O concerto tinha acabado, os músicos tinham sido despachados para um Hotel de luxo e os vampiros banqueteavam-se na sala de espera do Hospital com uns quantos humanos apanhados desprevenidos na noite.
Charles aquecia uma caneca de sangue com Prozac no microondas que tinha no gabinete, quando Yoru, o japonês, entrou.
- Arranjaste o que te pedi?
- Sim, está aqui - respondeu Charles enquanto entregava um saco de sangue a Yoru. - Sabes que não é nada fácil encontrar sangue de alguém embriagado com sakê.
- Sei, sim. Devo-te quanto?
- Nada, é prenda de Natal... - Yoru olhou-o espantado.
- Assim nunca vais juntar dinheiro para saires do hospital.
- Tenho a eternidade! - Respondeu - Não ficaste para a carnificina?
- Sabes que não. - Yoru tinha um problema enquanto vampiro. Um, não... Vários. Era por isso que ia muitas vezes ao consultório de Ella, que se derretia perante a indiferença dele.
Yoru confundia os sentidos, e se mordia pessoas perto de vampiros, podia acontecer que, cego pela raiva e por memórias da guerra da revolução japonesa desatasse a decapitar vampiros. Já tinha acontecido.
Charles tinha ciúmes por Ella parecer gostar tanto de Yoru, e não entendia o que as mulheres viam no meia leca do japonês, que até facilmente se confundia com uma mulher. Mas mesmo assim gostava do rapaz.
Yoru metera à boca o saco de sangue e refastelava-se. Corria-lhe sangue pelo canto da boca.
- Podias ter aquecido no microondas.
- Eu gosto frio. Faz-me lembrar o Inverno no Japão.
- Como está aquilo lá fora?
- Como haveria de estar? Merhet alimenta-se educadamente, Vladimir destroça os corpos e Laurent dança com os cadáveres.

Sem comentários:

Enviar um comentário