Mat_


Mat_
Há tantos, tantos séculos que amamento o meu bebé, descansada e no silêncio, que até me esqueço do tempo que passou. Enquanto amamento, olho para dentro de mim, bem lá no fundo. Seria tão bom que mulheres e homens pudessem olhar para dentro de si em vez de se matarem uns aos outros, tantas vezes em nome daquilo que eu não sou.
Continuo no coração de homens e de mulheres todos os dias, assumindo as formas e as palavras que julgo melhor entenderem. Quantas vezes lhes apareci, mas cegos não me vêm e surdos não me ouvem. E continuam a matar-se.
Eu continuo a amamentar o meu bebé, porque contra isso nada podem fazer. Se parassem, se rezassem, se meditassem... como tantas vezes lhes digo, talvez entendessem que isso servisse para pararem de matar. [Olinda Pina Gil, 13/Maio/2017]

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