Não havia muito tempo que descobrira a sua vocação para correr. Já tinha ido a algumas provas de longa distância com classificações satisfatórias para a sua categoria. Sentia-se vocacionado para a corrida, o que não significava que fosse o melhor, ou que tivesse a capacidade de um atleta olímpico já retirado. Foi um dia, ao terminar um dos treinos. Apetecia-lhe continuar a correr, por entre encruzilhadas desconhecidas e caminhos sem destino à vista. No final da ciclovia onde costumava treinar encontrava-se um cavalo, possivelmente perdido do seu dono e da sua cavalariça. O animal abanou a crina, como se lhe contasse sobre a liberdade de galopar. Se o animal tivesse corrido, ter-lhe-ia apetecido persegui-lo. Então percebeu que a sua vocação não tinha lugar no mundo moderno. Deveria ser batedor, ou caçador de mamutes. Persegui-los durante dias e quilómetros até à exaustão.
Esta pequena narrativa foi publicada no nº 47 da revista digital Incomunidade, como podem verificar pelo link, em julho de 2016.
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