Como se enquadra “Caderno Vermelho” no conjunto dos textos que já publicaste?
Eu questionei-me e continuo a questionar-me a mesma coisa. A primeira vista não parece haver muita relação, já que eu tenho publicados essencialmente contos de ficção especulativa. Num segundo olhar, consigo ver um padrão, já que as mensagens que tenho transmitir são coerentes entre os vários trabalhos. Se eu tivesse de enquadrar este livro e juntá-lo a um grupo de textos, iria fazer um grupo com os ensaios. Aparentemente não há relação entre a poesia e o ensaio, à excepção da temática. Acabo por me focar bastante na condição humana, porque gosto que o que escreva ajude a mudar a sociedade para melhor.
Podes de algum modo falar da relação do teu livro com a situação contemporânea de Portugal? Ou isso é só mesmo para os “iniciados” que o leram?
O Caderno Vermelho está intimamente ligado à situação actual do mundo inteiro, Portugal não é nem um dos melhores países nem um dos piores. Digamos que temos os nossos pontos fortes e aqueles em que não estamos tão bem. Desde o sistema político desde aos nossos afectos, há muito que pode ser mudado e este livro é um encorajamento para que isso aconteça. Não desejo que o livro seja uma meta em si mesmo, porque o caminho para a perfeição é infinito.
Tenho em conta que trabalhas na área da física de partículas, como é que isso se relaciona com a escrita?
Eu tento separar a física de partículas da escrita: a primeira é emprego e a segunda é lazer. Sempre tentei criar compartimentos estanque tanto mentais, como espaciais e temporais entre as duas actividades. Não nego que uma das actividades não acabe por influenciar a outra. Um dos exemplos é nos contos pertencentes à Era Dourada, um ebook que publiquei em 2013, em que muitas das personagens principais são cientistas e até mesmo a própria temática acaba por entrar muito no domínio cientifico.
Podes revelar alguma coisa sobre projectos futuros?
De momento estou a rever um romance de aprendizagem de nome “A Menina dos Doces”. A vida académica reserva muitas surpresas a Mariana. Entre as novas amigas e um possível namorado, a maior reviravolta é a existência de uma falecida prima, chamada Liliana, cuja memória foi ostracizada pela família. À medida que os pais se escondem em mentiras e abusos de autoridade, Mariana vai conhecendo Liliana através das cartas e do diário que ela deixou.
Foi um livro que escrevi durante o Nanowrimo de 2012. É um manuscrito que trato com algum carinho, já que algumas das situações descritas aconteceram pessoas que me são próximas e acontecem todos os dias a pessoas que vós rodeiam sem quem a maioria dê de conta. Aborda temas como a negligência parental, sexualidade, morte e pressão de grupos.
Sem comentários:
Enviar um comentário