Naquela casinha uniam-se dois mundos. Por detrás da cancela exibia-se um pequeno jardim de flores e cheiros, exuberante. Ali era tido em ponto pequeno, mas muito cuidado, muito lindo, com muito amor. A casinha era à beira de uma estrada que só às vezes encontro, quando consigo ultrapassar o nevoeiro entre o sonho e a realidade. É a estrada de Sophia, que percorre toda a Costa Vicentina. Da pequena casa vê-se o final de uma ribeira, que construiu um pequeno estuário até ao mar, que servia de porto de pesca. Ali o tempo parou, e o espaço não é o dos turistas. Apenas se ouve o seu burburinho ao longe, o burburinho por detrás do nevoeiro. Na casinha o som é outro. Num velho gira-discos Amália canta. Porque aquele mundo, e aquela casa, também é de Amália. E a Costa Vicentina, e as casinhas com jardins repletos de flores por detrás das cancelas, tal como de Sophia. E enquanto Amália canta tudo para. Para a brisa, param as ondas do mar, para a maré, e os cães deixam de ladrar. E cheira-se a maresia com flores. E café de chocolateira com torradas.
Uma foto publicada por Olinda P. Gil (@olindagil) a Ago 23, 2015 às 11:20 PDT
Sem comentários:
Enviar um comentário