Nostalgia dos Dias Felizes

Fotografia enviada por Tiago Videira

Olhas para trás, para a infância, é quase como olhar uma utopia. Só que em vez de ser uma utopia imaginada no futuro ou em algum território longínquo e desconhecido, era a realidade passada. A infância tinha esse poder de parecer uma coisa imaginada e impossível quando era uma infância feliz, como tinha sido a sua.
Agora era um adulto feliz, talvez fruto dessa infância. Mas havia sentimentos que eram impossíveis de recuperar. Como a felicidade de, simplesmente, tirar uma fotografia ou comer um rebuçado como se fosse único no mundo. Ou a sensação da sua mão sapuda a sentir-se segura agarrada pela mão áspera da avó. A avó, velha, que também tinha rugas na face que sentia quando as beijava e falta de dentes que a faziam comer de um modo estranho e barulhento. Mas a sua avó não era nada disso para si, não era velha, não tinha uma voz estranha e arrastada pelos falares da serra. Para si a avó tinha sido só a avó. E ele apenas um menino, feliz.

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