DN Jovem – Entre o Papel e a Net

É difícil elaborar uma crítica a um livro estando envolvida emocionalmente com o seu objecto de estudo: o DN Jovem[1]. Fui colaboradora deste suplemento, o que deu origem a alguns dos momentos em que fui muito feliz. E apesar de se falar da transição do suplemento da publicação em papel para a internet, que não vivenciei, refere uma série de situações vividas intensamente por mim. E, sabemos, que quando temos 16 anos vivemos tudo muito intensamente. Ler este livro foi recordar a força dos sentimentos que usufrui na altura.
Aconselho vivamente a leitura deste livro para quem foi leitor e colaborador do suplemento, a quem se interessa por temáticas relacionadas com a comunicação social ou o advento das novas tecnologias, uma vez que se trata da publicação de uma tese de doutoramento que fala do suplemento, dos media e das novas tecnologias.
O que foi retratado no livro que mais me marcou? O entusiasmo perante o suplemento, o retrato da escola de escritores, o relacionamento entre colaboradores e o sentimento de comunidade, os testemunhos de antigos colaboradores.
Fui colaboradora do suplemento em formato digital. Tive o privilégio de ser premiada, de ter um excerto meu publicado na única página que restava do suplemento no jornal, e nada iguala o entusiasmo que tinha em escrever na altura. Talvez porque vivia tudo com a intensidade da juventude. Tive oportunidade de conhecer alguns colaboradores, da minha geração e das anteriores. Fiz amizades, fiz também conhecidos que de alguma forma encontraram lugar no meu coração. Julgo ter colaborado entre 1999 e 2006, apesar de não ter a certeza, por falha nos arquivos do meu disco externo anteriores a estas datas. O meu nome surge num fac-simile nos anexos. Desconheço a que texto corresponde aquela referência, pois pensava que nunca tinha colaborado aquando da presença da página única do DN Jovem na revista .
Diminui a minha colaboração a partir de 2004 porque comecei a escrever textos mais longos. Contudo, acompanhei o DN Jovem até à sua morte. Acompanharia ainda hoje se existisse, mesmo que digital.
Os responsáveis pela gradual extinção do suplemento apontam que não correspondeu às expetativas da sua criação: criar hábitos de leitura de jornais nas camadas mais jovens. Pois digo-vos, foi a partir dessa altura que comecei a ler jornais. Devido ao DN Jovem comecei a ler também o DN digital, sempre que procurava uma notícia específica. O DN é, ainda hoje, uma referência para mim. Os meus pais, que eram entusiastas do Público passaram a ser do DN.
Não era só eu ou a minha família que lia o DN Jovem. Cheguei a receber algumas impressões do que publicava no Alentejo (quando um excerto de um texto meu era publicado no jornal). Recebi impressões de colegas meus na Faculdade, que liam, sem colaborar, o formato digital. Portanto, o suplemento tinha leitores para além dos colaboradores e seus familiares.
E, do que na obra se refere em relação à construção de uma comunidade de colaboradores, apesar de ter entrado em contacto com eles em Lisboa, o facto de ter regressado ao Alentejo não foi impedimento para que, ainda hoje, mantivesse o contacto com alguns colaboradores da minha geração e das anteriores.
Peço desculpa se fui incapaz de escrever uma crítica decente, uma crónica literária, e se este excerto mais parece uma página de um diário. Mas como disse no início, é difícil escrever sobre um assunto com o qual estou relacionada diretamente, um relacionamento sentimental.
Para terminar, lamento a inexistência de arquivo das publicações digitais do DN Jovem. Tenho alguns suplementos impressos. Disponibilizo-me para os digitalizar para um possível arquivo que se deveria fazer.



[1] O DN Jovem foi um suplemento do DN (Diário de Notícias).

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