Assuntos de Escrita - Curtas Histórias (E Breves Considerações) Sobre a Literatura de Género

Assuntos de Escrita é uma rubrica deste blog, que conta com a colaboração de outro blogger, todos os meses, para nos falar de um assunto relacionado com a escrita. Este mês foi convidado  Luís Filipe Silva, autor português de Ficção Científica, galardoado com o Prémio Editorial Caminho de Ficção Científica em 1991. Com várias obras publicadas pela Caminho, é uma presença constante em colectâneas e revistas, tanto em Portugal como no Brasil. Frequentemente  faz exposições orais em eventos ligados ao Fantástico e Ficção Científica (como no Fórum Fantástico). Autor do blog Efeitos Secundários e dinimizador do Trëma, mantém ainda o site TecnoFantasia.

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Curtas Histórias (E Breves Considerações) Sobre a Literatura de Género





I.

            É já de longa data a falácia que veste o género Fantástico com as cores garridas da simplicidade e do popularismo, e o menospreza perante as abordagens mais sóbrias da dita literatura do quotidiano, esta sim, universalmente repleta de complexidade e observações pertinentes sobre a natureza humana. Como em qualquer falácia, o cunho da verdade ombreia com a injustiça do preconceito: se é possível identificar um conjunto de defeitos que permeiam o código genético dos textos mais comerciais – cuja abundância se deve em grande parte à prática endogâmica dos autores contemporâneos, pouco dados a experimentações narrativas ou a deixar-se embarcar em aventuras conceptuais fora da sua esfera de conforto –, é também igualmente demonstrável que um século de constante diálogo entre criadores e audiência acabou por deixar uma complexa herança de preocupações em termos de forma e conteúdo, nem sempre evidente para os pouco familiarizados com o género.

            Na lista das principais preocupações encontra-se o frágil equilíbrio entre enquadramento e enredo. Equilíbrio que decorre da característica distintiva do género Fantástico: o divórcio com o real, o uso de um cenário exagerado, minimalista, hiperdetalhado ou simplesmente hipotético sem pretensões de solidez – que foi concebido no espírito do autor e que este se vê obrigado a encaixar na estrutura da narrativa, enquanto procura contá-la sem comprometer as básicas regras de ritmo, harmonia ou simplesmente o interesse pela leitura. É um malabarismo, um malabarismo que se consolidou numa técnica de escrita com honras de estrangeirismo: infodumping, ou seja, cada momento em que a história se interrompe para ceder vez à explicação. Qual odor pestilento num quarto fechado, quando se consegue identificar o infodumping numa obra, põe-se em causa a integridade desta – basta dizer que os autores de Fantástico evitam-no como um vampiro evita a luz do dia.

            O infodumping não nasceu com má fama, nem era, no início, considerado como algo pior que um mal necessário. Os textos das primeiras décadas do género, no distante virar do século passado, estão repletos de situações em que personagens e narrador se vêem compelidos a explicar, sem necessidade aparente, o funcionamento do mundo inventado. Ora, é bem sabido que nenhum de nós, seres humanos, passados os primeiros tempos de crescimento e aprendizagem, precisa que nos definam repetidamente a noção de carro, campainha, televisão, dinheiro – são elementos do dia-a-dia com os quais se interage e nem sequer passa pela ideia de quem escreve sobre o quotidiano apresentar tais explicações aos leitores, pelo que, por comparação, igual pouco sentido fará, em termos narrativos, para as personagens dos mundos inventados que estes mesmos tenham de lhes ser constantemente descritos; incorre-se, por assim dizer, num excesso a artificialidade. Alertados para este facto, os autores de Fantástico foram encontrando formas mais elaboradas de disfarçar o infodumping na prosa, a ponto de integrá-lo no enredo, apresentar insinuações veladas no lugar de explicações explícitas, intervalar narrativa com excertos de artigos e reportagens presumivelmente retirados dos meios de comunicação dessa época, entre outros. Trata-se de um jogo apenas apreciado na sua plenitude pelos conhecedores do género, e que constitui também um dos mais interessantes contratos de leitura existentes entre autor e público.

Não sejamos demasiado redutores: um infodumping bem feito, devidamente arquitectado e repleto de ironia pode compensar uma história fraca e uma prosa banal. Mas esta não é a norma, e os autores – principalmente os menos experientes – sentem-se na necessidade de justificar os seus dias gastos em pesquisa historico-científica pela proliferação de parágrafos em que o cenário inventado é minuciosa e insistentemente detalhado sem contribuir para o desenvolvimento das personagens nem para o desenrolar da acção.

A literatura clássica tem alguns notáveis exemplos desta técnica, sendo o exemplo mais conhecido o de Melville e Moby Dick. Se as interrupções narrativas neste caso isolado dividiram tanto a crítica relativamente à sua legitimidade, o que dizer de um género inteiro que anualmente contribui com milhares de novos textos para o grande panteão da Literatura?

Uma conclusão parece óbvia: se um autor precisa de enquadrar os leitores no mundo que inventou, e fazê-lo com algum grau de sofisticação, o seu primeiro requisito será o de ter espaço suficiente para discorrer sobre o tema à vontade, contar com parágrafos amplos e capítulos múltiplos, de modo a diluir o efeito do infodumping numa narrativa maior, qual impureza que desaparece numa imensidão de água.

A lógica ditaria isso. E contudo, o formato literário por excelência do género Fantástico é o conto.





II.

            As tradições são respostas a uma circunstância que se propagam no tempo. No caso particular da literatura de género, a resposta consistiu em conceber uma forma contínua de entretenimento para ocupar os tempos livres (em troco do respectivo pagamento, claro está) da classe média, burguesa e urbana que se encontrava em pleno crescimento nos finais do século XIX. Aproveitando a expansão do alfabetismo e a evolução das gráficas e dos transportes, empresários de visão criaram novos espaços lúdicos, na época em que o cinema ainda se considerava milagre e a televisão, uma ideia de futuristas: revistas periódicas a pingar de histórias feitas por encomenda e escritas sob a pressão dos curtos prazos, misturadas com secções de leitores, passatempos, notícias do momento. Não demorou muito até que a ficção abrisse os braços e abarcasse a totalidade dos conteúdos. Na maioria, contavam episódios isolados. Noutras situações, as personagens que tinham causado impacto (nas vendas) regressavam, vez e outra, até nascer uma série.

            O conto – a ficção curta – foi assim o formato literário que deu início ao género Fantástico. Entre uma capa pulp e a seguinte, desenvolveu-se a prática de apresentar histórias rápidas, sucintas, breves, cheias de energia e atropelos. A Ficção Científica nasceu neste meio e nele cresceu, logo arrefecendo o entusiasmo em prol de cenários mais ponderados e enredos mais trabalhados – até finalmente surgir, na década de 50, a nova tendência do livro-de-bolso, que nada mais era que uma evolução consentida da revista mas que permitia (e preferia) formatos mais longos. O conto começou a ceder lugar efectivo ao romance, mas não sem luta.

            Pois foi no conto que Ballard apresentou na década de 60 as primeiras experiências do «romance condensado» que mais tarde constituiriam as colectâneas vanguardistas The Atrocity Exhibition e Vermillion Sands. Foi no conto que Gibson começou a desenvolver as bases do que se tornaria no movimento ciberpunk. Foi no conto que Asimov explorou as falhas das três leis da robótica e Sturgeon a dissecar as falhas do espírito humano. É de contos composta a tapeçaria dos Senhores da Instrumentalidade de Cordwainer Smith, bem como a história pessoal dos soldados americanos numa guerra contra a América Central que nunca chegou a concretizar-se, pelo Lucius Shepard. Entre outros incontáveis exemplos.

            É tradição afirmar que o conto representa uma peça imprescindível para a evolução do género Fantástico. Tendências experimentalistas, a atenção da crítica e o apreço dos leitores seguiram durante muito tempo as ondulações temáticas que um fluxo contínuo de novos autores, desesperados por reconhecimento e por marcarem presença, criavam no charco literário. Diz a tradição, também, que os editores erguiam a cabeça dos balancetes ante o crescimento do burburinho e ficavam mais receptivos a deixarem-se seduzir por estes novos autores. Diz a tradição que quando um tema, ou um movimento, surgia em romance significava que perdera pujança. Em suma, o conto – e principalmente, o conto publicado nas revistas do género – era visto como o pontapé de baliza de uma carreira literária, e de tudo o demais associado.

             Neste momento convém refrear o entusiasmo e informar que o presente início de século XXI não veio apenas negar-nos as tão prometidas estações geoestacionárias, colónias lunares, viagens periódicas até Marte e jetpacks pessoais que nos transportariam pelo ar, mas também se encontra a mudar por completo a indústria editorial, tendo aberto os portões da edição independente e inundado os canais de distribuição com material de todos os formatos e feitios; no entanto, se contribui para a democracia do acesso também acaba por dispersar a atenção dos leitores. As revistas que outrora serviam de farol para o género deixaram de ter importância. Algumas fecharam, outras mudaram-se para o mundo online onde vão desaparecendo numa lenta agonia. O conto proliferou, mas também a novela e o romance – o problema está em, não obstante a expansão do conteúdo, o vanguardismo ter ficado esquecido sob a enchente de obras conservadoras, seguidoras dos cânones estabelecidos, mais preocupadas no acto da repetição do que da contestação. O século XXI não veio apenas derrubar a promessa de um futuro brilhante, mas está a quebrar muitas das tradições instituidas, a derrubar, por assim dizer, a certeza do passado.





III.

            Em Portugal, não se pode afirmar que esta mudança de paradigma tenha implicado uma perda significativa. Na nossa condição de eterna periferia do império – considerando que os grandes movimentos culturais do século XX aconteceram lá fora –, constata-se que as novas tecnologias estão a ajudar-nos a marcar presença no discurso internacional do género, o que só pode ser benéfico. Pois, se o conto ajudou a consolidar as literaturas ditas marginais e os seus públicos-leitores fiéis, coleccionadores, interessados, críticos, este mesmo conto não teve expressão no nosso país.

A tradição do conto de Ficção Científica não existe na nossa História – salvo casos isolados, como os do Romeu de Melo e Lima Rodrigues, sem dúvida inspirados pelo que viam acontecer nos outros países. Não tivemos revistas de longa data que motivassem os escritores nacionais a contribuir para o género. Não tivemos espaços de destaque em jornais, não fizemos parte do debate sobre o futuro. Talvez não tenhamos sequer pertencido verdadeiramente ao presente da Europa... E indubitavelmente as colecções de romances existentes assentavam exclusivamente nas traduções dos autores estrangeiros, cerrando a porta aos nacionais – ao contrário dos casos do Brasil e de Espanha, países com os quais podemos traçar um percurso semelhante e onde havia um mínimo apreço pela produção interna.

Para nossa perda, está ausente da nossa memória literária saudosismos a respeito de uma Ficção Científica perdida e injustamente ignorada pelos leitores actuais que valesse a pena recuperar.

            Por outro lado, o interesse das editoras portuguesas pela literatura de género é recente, e como sabemos, pode desaparecer com a rapidez com que surgiu. Permitiu a um manancial de jovens autores exprimirem-se durante a primeira década do novo século, mas até estes seguiram na esteira dos moldes estrangeiros, por opção própria e preferência dos editores – o que é perfeitamente natural para uma geração que não teve oportunidade ainda de questionar as regras instituídas e revoltar-se contras as mesmas. Ignora-se se o mercado os sustentará ou se não passarão, na maioria dos casos, de situações pontuais de juventude antes de serem engolidas pela Vida Adulta. Considerando que a permeabilidade da língua inglesa e a ausência de uma identidade própria os obrigam a lutar contra uma máquina internacional institucionalizada de criadores profissionais que fazem da escrita de género o seu ganha-pão, e que as condições económicas do país em que habitam não são seguramente as mais propícias para actividades culturais, diríamos sem grande margem para erro que as perspectivas são muito negativas.

            Estes condicionalismos implicam que escrever e apostar na literatura de género em Portugal é, como sempre foi e como, aparentemente, o será durante muito tempo ainda, um acto de loucura apaixonada e retorno dúbio, com ocasionais rasgos de entusiasmo momentâneo. É bem possível que no decurso da grande invasão marciana do século XIX tenhamos sido atingidos por um feixe de Letargia de longa duração, e que o tempo decorra, nesta ponta da Península, a um ritmo menos acelerado que no resto do universo. Havemos de chegar lá – mas por enquanto ainda estamos em viagem.





IV.

            Enquanto não ocorre a grande revolução cultural no nosso país, seja ela qual for, contentemo-nos com o que existe. E o que existe não é pouco, ou melhor dizendo, é mais abundante do que foi outrora. Ao jovem autor de Fantástico estão disponíveis os grandes clássicos da literatura, nos arquivos digitais estrangeiros, bastando-lhe para tal ter acesso à internet e algum à-vontade linguístico. Pode consultar artigos de referência sobre práticas de escrita e obter conselhos para traçar personagens e edificar enredos; conhecer as temáticas mais utilizadas, quem as abordou e de que modo, para evitar percorrer caminhos trilhados por outros; é capaz de contactar pessoalmente com os autores mais acessíveis, participar em debates, contrariar opiniões. Pode – em suma – informar-se.

            E depois pode publicar. Em poucos minutos, será capaz de percorrer uma lista razoável de fóruns e revistas online que aceitarão as suas obras. Com maior investimento temporal, descobrirá alguns fanzines em papel, e talvez uma ou outra revista semi-profissional que aceite contos.

Sem dúvida que este não é o cenário perfeito: existe um abismo entre leitor e crítico, pois são de diferentes naturezas as reacções de quem simplesmente sacia a fome comparativamente a quem degusta minuciosamente com o paladar de um chef, e se o primeiro grupo enaltece o ego ou repudia sem noção, o segundo deverá ser capaz de entender a intenção do autor e apontar as falhas e virtudes das decisões tomadas. De ambos, só este último, obviamente, consegue ensinar algo de relevante.

Contudo, ainda assim, constroi-se currículo e expõe-se a obra ao público, o que permite vencer a timidez inicial e tornar insensível o nervo que se torce perante os inevitáveis comentários menos elogiosos.

Há no entanto uma outra forma de publicar, normalmente ignorada: a antologia.





V.

A importância da antologia enquanto campo de treino está intrinsecamente ligada com a adopção do conto enquanto formato de preferência para experiências literárias. As antologias, em particular as que procuram talento novo e textos inéditos, são espaços confortáveis para o jovem autor, na medida em que oferecem uma possibilidade de publicação rápida com o bónus potencial de surgir-se ombreado com nomes mais sólidos ou de maior reputação no género. Esta mistura representa uma estratégia comum dos antologistas, de modo a potenciar as vendas e o interesse de editores.

Riscos também os há, e sem dúvida que o maior passa, não pela rejeição, mas pela comparação – por vezes injusta – de um texto menos trabalhado ou inexperiente com clássicos ou de autores de renome – comparação que raramente favorece o jovem autor. Adicionalmente, o potencial enquanto campo de treino é limitado, pois, à excepção de antologias em série com vários volumes e periodicidade, a oportunidade de publicação é normalmente única e o texto, concebido com um determinado tema ou formato em vista, quando rejeitado, arrisca-se a ter baixa colocação noutro mercado. A crítica também varia, e não permite o crescimento que, por exemplo, uma revista permitiria, através do contacto recorrente com o editor que ofereceria sugestões de melhoria ou correcção até encontrar um texto do seu agrado.

Se em Portugal as antologias que aceitem participações abertas são raras, já o Brasil tem nos últimos anos mostrado um particular entusiasmo na edição destas, com particular incidência na Editora Draco, responsável, nos últimos dois anos, por quase uma dezena de iniciativas inteiramente dedicadas à produção em língua portuguesa. As antologias brasileiras têm versado sobre as mais diversas temáticas, desde a space-opera tradicional aos mitos, à fantasia explícita, aos super-heróis, à política na Ficção Científica, e em muito contribuem para manter os autores activos, produtivos e em constante contacto com o público e a crítica.

É possível que se trate de uma moda, ditada por um grupo de entusiastas, por receptividade do público e por circunstâncias globais de mercado, em muito diferente do lusitano. Mas é também igualmente possível que a tendência se consolide e permaneça, permitindo a existência, finalmente, de um espaço seguro, permanente e visível na qual autores dos dois lados do Atlântico descubram, em conjunto, o que é, afinal, escrever Fantástico em português.

Sem dúvida que esse seria um passo importante na direcção de um futuro radioso.





Luís Filipe Silva, Abril de 2012




5 comentários:

  1. Bem... Se te esmeraste!!! O texto está excelente! Muito obrigada pela tua colaboração!

    Tenho a sensação que, no que toca a revistas, fanzines e antologias, o género Fantástico é o que está mais dinâmico, apesar de tudo. Eu, que escrevo muito pouco fantástico, não encontro sítios para onde enviar os meus trabalhos.

    Ultimamente ando a pesquisar no Brasil: e de facto, para nossa vergonha de Portugueses, o Brasil está muito mais dinâmico. A ver se encontro por lá alguma dinâmica sem ser no fantástico.

    Quanto a revistas e fanzines que não sejam digitais, uma vez que vivo afastada dos grandes centros urbanos, tenho muita dificuldade em encontrar e em saber o que existe...

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  2. Obrigado. Foi um bom tema para reflexão.

    Relativamente ao dinamismo do género, penso que durante muito tempo o policial/detectivesco foi dos mais participativos, no sentido em que se constituiam tertúlias policiárias ao redor do país frequentadas por leitores e alguns escritores desse género. Produziam-se fanzines (cheguei a ser publicado no «Célula Cinzenta») e concebiam-se/descobriam-se pequenas tramas e mistérios policiários, como forma de jogo.

    Actualmente, penso que até isto cessou. O grupo mais activo será sem dúvida o da Banda Desenhada, que todos os meses se junta em Lisboa (tradição que dura há 30 anos), desenha, publica, divulga, etc. Mesmo o do Fantástico só se reúne num conjunto esporádico de 1 ou 2 encontros anuais...

    Mas é como dizes: acontece tudo nas grandes cidades do litoral. Há uma dificuldade tremenda em montar actividades noutras localidades. É o problema de um país pequeno com poucos focos económicos.

    Sobre revistas em papel, a única que se mantém é a Bang!, da Saída de Emergência. Caso único no mundo da FC, é publicada profissionalmente e financiada por uma editora, que a distribui de graça. Esperemos que se mantenha por longo tempo...

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  3. Excelente texto do Luís, como habitualmente...

    ... Mas há um erro, na introdução, que convém corrigir: ele foi galardoado com o Prémio Caminho em 1991 (e não em 1981).

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  4. Um excelente artigo, que não deixa de ser um reflexo do panorama actual (e por vezes triste).

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