Esta noite na Cidade


Uma mulher vageava pela rua deserta e fria. Agarrava a mala com força debaixo do braço e continuava a avançar decidida. Não tinha medo. Nunca teve medo. Os seus passos eram largos.
Da mala tirou uma chave que abriu uma porta. Do outro lado esperava-a um beijo ofegante a estender-se na sua boca.
Sim, tinha medo. Não de ser assaltada na rua. Tinha medo do seu segredo ser descoberto. De ser apontada pelos outros por procurar a meio da noite o consolo num outro corpo. Tinha medo que terminasse aquele suspiro profundo que emitia quando dentro do seu corpo havia algo que rebentava.

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