Excerto de Sudoeste:
"Dos olhos de Ema nasceram lágrimas que lhe turvaram o olhar de azul para cinza. E o azul que me restou foi apenas o do céu.
- O pai foi embora? Deixou-nos? Deixou-me?
Deixou-me. Não tinha sido só à quinta, ao mar, ao templo. Não tinha sido só a Ema e aos rapazes. Tinha-me deixado a mim também. E isso doía.
- Deixou. - Abaixei-me perto dela e limpei-lhe as lágrimas. Abracei-a e deixei-a soluçar no meu peito. Poderia eu esperar outra coisa dele?
Deixei as minhas lágrimas para noite, no meu leito vazio e frio, e acalmei durante todo o dia, tentando confortá-los do inconfortável e fazê-los compreender o incompreensível.
Agora, Ema voltava a ser a minha filha, como a criança que saíra das minhas entranhas de encontro às mãos de Eros. Tinha Ema só para mim. E os dois rapazes."
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