Contos: tendência digital?

retirado daqui
Porque digo isto?

As editoras nunca apostam muito em contos. Ou editam um livro de contos de um autor já em consagrado (Sophia de Mello Breyner Andresen e José Rodrigues Miguéis, por exemplo); ou fazem uma colectânea de autores consagrados (normalmente com temáticas específicas como no caso de A República Nunca Existiu); ou, ainda menos vezes, lançam colectâneas de autores estreantes (caso recente de Lisboa no Ano 2000 não se costuma ver muito - aliás, quase nada!).
Diz-se que os livros de contos não rendem dinheiro. Que os leitores preferem romance. Na verdade, e apesar do conto ser um género mais pequeno e mais conciso, nem sempre a sua leitura é fácil. O romance, como é mais longo e mais rico em pormenores fica melhor retido na memória. Eu própria confesso que tenho mais facilidade em me recordar de um romance do que dum conto.
Ler um livro de contos talvez também não seja fácil. O leitor talvez lhe apeteça ler um conto hoje, outro daí a duas semanas e acaba por esquecer o livro. Mais uma vez falo por experiência própria: não leio de seguida livros de contos.

Contudo, ultimamente, com o advento dos ebooks e dos ereaders apercebi-me que o conto parece estar a espreitar à janela e tomar o seu lugar. O conto talvez se adapte melhor a uma leitura digital.

Vejamos um exemplo ficcionado: um leitor, no seu ereader guarda várias obras: romance, não-ficção e contos. Não tem poesia (porque não gosta de ler poesia no ereader, mania dele). Às vezes lê contos, e antes de ter o ereader quase nunca lia contos. Por exemplo, quando está a ler uma passagem aborrecida de um romance que naquele momento não lhe apetece continuar a ler: pega num conto. Quando está à espera no dentista e sabe que não vale a pena pegar no romance pois pode acontecer ter de o largar no momento mais emocionante: então lê um conto.

E porque digo eu que os contos estão a aparecer com mais força em formato digital? Não estou a inventar nada, mas parece ser essa a tendência. Vou dar dois exemplos (cuja ordem é aleatória)
Curiosamente, através de Trëma encontrei este artigo sobre contos e antologias: as colectâneas mataram os blogs de contos?

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Actualização a 31 de Janeiro 2013: recebi da Amazon Brasil uma publicidade de ebooks de contos por R$1,79. Curioso

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Actualização a 10 de Fevereiro 2013: artigo do The Guardian defende que os contos são o género literário perfeito para a era do e-reader.

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Actualização a 13 de Fevereiro 2013: Excelente artigo de Marcel Breton sobre como os leitores vêm (por vezes mal) os contistas.

5 comentários:

  1. Olinda, o conto já foi mais apreciado (no tempo do H.P. Lovecraft. do Edgar Allan Poe, do Sir Arthur Conan Doyle, etc) e depois os romances tomaram conta do espectáculo.
    Eu adoro ler contos, adoro ler colectâneas e de ler as antologias de uma vez, como se fosse um romance, embora de vez em quando possa ler os contos espaçadamente. Acho que os contos são uma óptima forma de se conhecer novos autores. Poucos não foram os que li (em romance) depois de conhecer através de contos. No entanto nem todos os autores são bons contistas e às vezes faz mais mal que bem, ler esses que não têm jeito para os contos.
    Ler uma antologia é uma roleta russa. Haverá sempre contos que gostamos mais que outros e, se tivermos azar, podemos encontrar vários que detestamos mas, se tivermos sorte, serão mais os que gostamos.
    Já agora, obrigada pela divulgação. Nem sabia que a Sara Farinha e o Manuel Alves tinham lançado contos em ebook. Boas notícias!.
    A Andreia Silva tem também o conto "- "Alma Improavelmente Dolorosa" disponível aqui: http://www.goodreads.com/book/show/17226061-alma-improvavelmente-dolorosa e com certeza que há muitos mais por aí.

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    1. Não só os contos, como também as novelas era mais usados antigamente. Parece-me a mim que a novela, nos dias de hoje, tem um destino ainda pior que o dos contos. Enfim...
      Também acho que os contos são uma boa forma de conhecer autores, mas um bom autor de romance pode não o ser de conto (e vice versa).
      Não sabia do conto da Andreia Silva. Já depois de ter feito este post descobri um outro do Manuel Alves

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  2. Ah, Ana, também vou publicar um conto em ebook, estou à espera do ISBN. Por acaso ele até está disponível aqui (na página das publicações) mas quero fazer uma coisa mais prof.

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    1. Olinda, então sempre vais experimentar a e-publicação. :) Quando tiveres em ebook eu publico no meu blog.

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