O cinema imaginado

Ilustração de Camie C. M. Elias

Gosto de imaginar o cinema onde não iria sozinho. Diferente daquele onde costumo ir, um prédio alto, de traçado antigo, onde filmes negros só passam depois do sol se pôr, depois da cidade começar a ficar vazia de pessoas com vida, dando lugar aos solitários, como eu.
Gosto de imaginar um cinema onde gostaria de te levar, memória dos meus sonhos. Um cinema em campo aberto, onde poderíamos ver muitas comédias em tardes frescas de primavera, onde te poderia passar o braço pelos ombros e beijar as tuas madeixas.
Vi-te um destes dias. Passaste a passadeira à pressa, olhando sempre para trás, assustada. Não me viste e passei mais uma noite sozinho.

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