Comboio do Sado




in http://www.arteflow.org/pintura/angelo/angeloini.html

Manhã matina. Avanço no badalar suave do comboio intercidades Lisboa-Faro, até ao bar. Tomar um café para vencer o sono. Beber uma água, abrir as páginas de um livro, mas antes de o ler, entregar as pálpebras cerradas ao afago da luz solar.
Ler no comboio é um prazer infindável, sobretudo, quando esse comboio nos leva de regresso ao Alentejo, a uns dias de descanso. Há todo um sentimento de paz e de calma: esperam-me um fim-de-semana de um nada que fazer.
Mas hoje a viagem deveria ser dedicada à escrita: percebi-o após a meiguice quente do Sol, quando descerro os olhos e vejo o Vale do Sado a amanhecer.
Soube, que até chegar a Alcácer, a viagem seria entre o papel e a contemplação dos arrozais, dos seus secos restos do longínquo verão, das suas aves de voos elegantes, do brilho da água repousante.
Só depois a viagem, e a leitura continuaram.

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