Dourados Alentejanos




in http://olhares.aeiou.pt/galeria-pessoal/31536

Não só porque é Outono. Final de Outono. Temos a ideia feita das folhas das árvores a cair. Ideia dada por filmes americanos.
No Alentejo caem as folhas das figueiras. Grandes e rápidas. Caem as folhas das videiras, que antes de morrer tingem de tinto as encostas.
Ou então perto das ribeiras, os carvalhos e plátanos ficam dourados, e transformam em lugares românticos o que há uns meses era um ribeiro seco.
Nas nossas vilas e pequenas cidades, principalmente em escolas, praças e lugares públicos ajardinados é costume ver-se plátanos, que por estas alturas se desnudam.
Não só porque é Outono, final de Outono. Noutros países é a altura da neve começar a cair. Por cá, só este fim-de-semana dei por uma queda abrupta das folhas.
De manhã cedo acordei e fui até à Gulbenkian. Quando entrei no jardim havia pouco que se havia começado a limpar as folhas caídas. A humidade exaltava, e eu ficava feliz, pisando as folhas, aos milhares, construindo um tapete dourado aos meus pés.
E lembro-me de recordações. Muito antigo antigas para a minha juventude: a  represa, antes de ter sido remodelada, era assim, repleta de folhas secas, que satisfaziam com a alegria as minhas botas que as teimavam em lançar ao ar. Ou então, o dourado da minha felicidade, junto ao Liceu. Por pura e simplesmente estar junto da minha mãe, e achar que todas aquelas folhas só poderiam ser a coisa mais bela que existia. E que eu era a menina mais feliz do mundo só porque estava ali.
De resto, Outono no Alentejo, para mim é sinónimo dos primeiros verdes, que surgem tímidos debaixo das folhas já castanhas da humidade.
De resto, o dourado é uma cor de Verão.

Sem comentários:

Enviar um comentário