O Silêncio




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Ouço agora o barulho provocado pela vibração causada pela brisa a bater nas minhas orelhas.
Vejam o silêncio quase absoluto que aqui existe, para eu ouvir o que conto que estou a ouvir.
Aproveito o prazer nos sons ténues, tão caro é ouvi-los. Os meus ouvidos vivem ofuscados no barulho na cidade (não me queixo, gosto dele), mas foram educados no silêncio. Aproveito o conhecimento adquirido dessa oportunidade para distinguir os sons que ouço.
Dizem que quem é educado no silêncio é capaz de ouvir mais.
Já estou aqui há um momento, enquanto escrevo. Logo que desci do comboio fiquei fascinada pelo silêncio. Agora pareço já habituada, e deixo de estranhar. O som dos pássaros numa árvore torna-se infernal. Infernalmente aprazível.
De vez a vez ouço ao longe o batucar dum martelo.
Foi um som a que me habituei no silêncio. O eco que o martelar faz ao longe. No meio do silêncio e da paz alguém trabalha. Daqui far-se-ia uma história de um camponês solitário.
De repente os meus ouvidos são magoados. O altifalante anuncia a chegada do comboio vindo do Algarve, daí a 10 minutos. Aposto que feriu o vale todo. Ao contrário do martelar.
Silêncio de novo. Ouço um telefone. Daqueles pretos antigos, anos 70. Lembro-me das reminiscências de um filme qualquer.
O som do telefone parece-me condizer com tudo. Dá-me prazer. Eu nem sei porquê.

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