As leituras do escritor




Nem sempre nos melhores livros o escritor pode encontrar material de inspiração que o ajude a construir o background das suas histórias.

Primeiro há que dizer que o escritor perde aos poucos o prazer da leitura. Não só porque ganha a capacidade de destrinçar a história, mas também porque muitas das vezes procuramos os livros para os compreender.
Podemos dizer que há dois tipos de material: o bonitinho e o não bonitinho. O bonitinho é normalmente uma narrativa bem construída, com tudo no lugar, de influência oitocentista. O não bonitinho (atenção que não é feio) é material com muitas influências dos ismos do séc. XX, do noveau-roman francês e da desconstrução anglo-saxónica. Sem dúvida que estes dois tipos de materiais podem trazer prazer ao leitor, consoante o seu gosto. O escritor tentará sempre ver o que está por detrás da tela.
Nestes dois tipos de material podemos encontrar o mal escrito e o bem escrito. O mal escrito pode ter vários problemas, e são raros os casos exemplos de todos os males. os "males" podem ser infinitos, desde personagens mal criadas, estrutura mal feita, uma linguagem pobre e sucessivos erros de construção gramatical.

O interessante é que o escritor pode encontrar, mesmo num texto desses, material para explorar.
Falo em termos pessoais. Tenho encontrado livros com pouca qualidade que souberam ser um registo histórico que me interessa aprofundar para trabalhos meus. Um registo histórico em ficção, claro, mas que são representação de acontecimentos passados entre várias gerações, na perspectiva da vivência do cidadão sem riqueza, sem estudos. Material que não encontro em livros de história ou em romances históricos ou de época em que predomina a representação da nobreza e da burguesia.
Os mistérios da criatividade são impressionantes...

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