Assuntos de Escrita - Escrever por Escrever e Escrever para Divulgar por Sara Farinha

Assuntos de Escrita é uma rubrica deste blog que conta com a colaboração de outro blogger para nos falar de um assunto relacionado com a escrita. Este mês foi convidada Sara Farinha, autora do blog: Sara Farinha. É autora do romance Percepção.
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Escrever por escrever e Escrever para divulgar

Há muito que a divulgação daquilo que escrevemos está entregue a nós próprios. Longe vão os tempos, se é que alguma vez existiram de facto, em que as editoras e os meios de comunicação social se interessavam pela produção literária a nível nacional. Cada vez mais recai sobre nós, escritores e artistas, parte importante da promoção dos nossos trabalhos.

Hoje, é preciso ter conhecimentos numa série de áreas para além da escrita em si mesma. É necessário perceber um pouco de publicidade, de marketing, do funcionamento das redes sociais e de escrever com outras vozes que não a de autor literário.

Ser-se escritor passa, também, por gerir uma ou várias plataformas que ajudem a divulgar o nosso trabalho. Uma delas é (criar e manter) um blogue. Gerir um espaço virtual deste género implica fazer uso de uma verdadeira plataforma de autor, desenhada para expor o que escrevemos, quem somos, aquilo em que acreditamos e defendemos enquanto pessoas e escritores.

Escrever num blogue, mesmo num que é assumidamente a nossa plataforma de autor, exige toda uma nova voz de escritor. Não usamos aquela que nos distingue em prosa, nem a que nos identifica em poesia, ou em qualquer outro género literário que seja da nossa preferência. Aqui, aventuramo-nos com a nossa própria voz e usamos o espaço virtual para chegarmos aos leitores e, em simultâneo, damo-nos a conhecer como indivíduos.

Como tenho afirmado, em outros artigos e entrevistas relacionadas, a blogosfera tem um papel cada vez mais relevante na divulgação do nosso trabalho. O mundo paralelo formado por blogues e redes sociais, administrados por pessoas dedicadas à promoção dos valores culturais no nosso país, são uma ferramenta de valor inestimável nesta busca por exposição dos nossos escritos.

Como blogger, coisa que faço desde 2007, tenho testemunhado um crescimento espantoso de colegas. Muitos deles trabalham com afinco e dignificam-nos, acrescentam valor sem pedir nada em troca.

Na minha experiência pessoal, acredito que o meu cantinho virtual muito tem contribuído para divulgar os meus escritos. É uma espécie de guia da minha realidade diária que agrega as várias facetas do meu percurso como escritora, autora publicada, poetisa e aprendiz constante desta arte que se faz de palavras.

Sei que muitos há que não gostam ou acreditam que escrever num blogue possa trazer algo de bom para a sua escrita. Eu discordo em absoluto. Manter um blogue significa crescer como autores e como pessoas, aprender a lidar com a exposição pública, abrir as nossas portas à crítica, escrever com regularidade, partilhar aquilo que pensamos, analisar o caminho sob outra perspectiva e permitir que novos desafios nos encontrem.

Um blogue, para além de ajudar a divulgar a minha escrita, ajuda-me a escrever mais e melhor. Responsabiliza-me por aquilo que crio. Incentiva-me a partilhar o que sei e a aprender constantemente. Mas, acima de tudo, ensina-me que só o esforço regularmente exercido traz benefícios, um deles, a enorme satisfação pessoal.

4 comentários:

  1. Eu sou de uma opinião diferente: acho que se publicam muitos autores portugueses. Mas talvez isso aconteça dentro do género de livros que gosto e não noutros.

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  2. A Sara tem razão quando diz que o mundo virtual é uma ferramenta de marketing aos novos escritores, de publicidade do trabalho desenvolvido e um mar de coisas que se podem explorar ali, naquele "mundinho" imenso...
    É certo que se publicam muitos autores portugueses, mas publicar não significa necessariamente reconhecer aquele autor como escritor. Penso que ainda vivemos muito vincados em nomes e apavorados com a ousadia de arriscar no lançamento de um novo autor, deixando-nos ficar pelo cómodo e seguro. Não fosse o mercado editorial um mercado de câmbios e receitas, riscos mais ou menos calculados...

    Um abraço Sara e parabéns pelo texto.

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  3. Concordo com a Sara quando refere o mundo virtual como a ferramenta, de hoje, ao marketing e publicidade de um novo autor. Para que se crie eco mundial ao trabalho desenvolvido, mesmo que desconhecido.
    É a arma dos novos autores para que se façam de alguma forma ouvir e desde já felicito a enorme qualidade de alguns textos que se têm vindo a publicar e que só se tornou possível a sua exposição através desse "mundinho virtual" que alberga milhares e milhares de pessoas.
    É certo que se publicam muitos autores portugueses mas,publicar não significa necessariamente reconhecê-los como escritores. Ainda vivemos muito vincados a grandes nomes e apavorados com a ousadia de lançar e apostar num novo autor. Não fosse o mercado editorial um mercado de câmbios com receitas muito calculadas e pouco arriscadas... Enquanto assim for, valha-nos a determinação e persistência de se fazer ouvir mesmo que anónimos e independentes. Ser escritor é ter a voz que dita aos dedos o que deixar no papel, é ter a consciência e a responsabilidade de saber caminhar lentamente por entre os mais diversos e criticos leitores...

    Parabéns Sara pelo texto e por todo o trabalho desenvolvido à roda do papel
    Um abraço,
    Carla Pais

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  4. Excelente artigo e cada vez mais verdadeiro nos dias de hoje. E se por um lado acho bem que os autores se dediquem à divulgação dos seus trabalhos, já que afinal eles também são beneficiados, acho também que hoje em dia as editoras e os media já não se esforçam por divulgar quem publicam ou quem cá é publicado, e isso é péssimo.
    Um bom equilíbrio das coisas seria ideal.
    Tal como a Sara, acredito que manter um blog ajuda um autor a amadurecer a sua escrita, a criar uma união com os leitores/escritores e a divulgar-se. Algo essencial nos dias que correm.

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